O último gibi que não li
Eu iria ao centro da cidade comprar a edição especial do Capitão Submarino. Antes, resolvi passar na casa do Waltinho para irmos juntos, e ele seria o primeiro a me felicitar pela aquisição. Mas a casa dele estava fechada. Fui só. De todo jeito, o Waltinho ficaria sabendo amanhã na escola. Eu estava ansioso porque seria nesta revista em quadrinho limitada que o Capitão enfrentaria sozinho o monstro AQUÁTICO de duas cabeças e oito tentáculos, salvando o reino de Atlântida. Todos os garotos do bairro só falavam da edição especial desde que ela apareceu nas bancas. Eu realmente precisava daquela revista, era uma questão de vida ou morte. Por isso, guardei o dinheiro do lanche de vários dias – ganhava umas mordidas no sanduíche da Isa, mas nem sempre EXTINGUINDO a fome por completo de quem tinha o carinhoso apelido de Jibóia –, além de lavar o carro do pai por dois sábados e capinar todo quintal do seu Antonio. Ralei pra caramba. Mas o prêmio compensava o sacrifício. Lembro da sensação que...