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Mostrando postagens de novembro, 2010

A caixa de veludo

Procurava palavras que insistiam em manter distância. Na folha em branco, somente o nome dela. Parou o olhar na pequena caixa de veludo preto que estava segurando uma das pontas do papel. Então a caixa devolveu-lhe o olhar e as palavras resolveram se aproximar, carregando toda a emoção que aquele pequeno objeto lhe proporcionava. Não a caixa, mas o seu conteúdo. Não o conteúdo, mas o que ele significava. Mudança de vida. De duas vidas. Ele começando a pensar em e por dois. Uma experiência nova mas extremamente excitante. Ter alguém. Ser de alguém. Partilhar. Apoiar e ser apoiado. Entregar-se. Amar. Finalmente, amar. Enfim, entender o motivo dos poetas sofrerem, da beleza da lua e do coração doer mesmo saudável. Mas ainda era preciso dizer isso a ela. Há certos sentimentos quando não revelados que corroem a alma. Olhou mais uma vez para o papel, e foi o coração na ponta do lápis que escreveu. “Ana Eu te amo. Você é a pessoa mais incrível que eu já conheci. Admito que v

Você é o herói inconsciente

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Hoje eu li uma discussão no fórum Meia Palavra que levantou uma questão que venho ruminando há dias: o uso da jornada do herói - tão bem detalhada pelo historiador das religiões e mitologias Joseph Campbell no livro O Herói de Mil Faces - de forma massificante pela industria da literatura, do cinema e até mesmo da música. Foi Campbell quem estudou minuciosamente os mitos e fábulas que mais tempo sobreviveram ao tempo, seja em tradições orais ou registrados de uma forma ou outra e chegou à conculsão que tudo se encaixava em uma fórmula simples, a da jornada do herói. Dividida em 12 passos, qualquer história de sucesso hoje se enquadra nela. Hércules. Ulisses. Shakespeare. O Senhor dos Anéis. Crônicas de Nárnia. Livros. Filmes. Desenhos. Praticamente tudo o que tenha os adjetivos bestseller ou blockbuster têm uma pitada ou muitas pitadas do mito de Campbell. Só para você ter uma ideia do que estou falando, a escritora Sonia Belloto, em seu livro Você já pensou em escrever um livro?

Criminal Minds - 6ª Temporada (2010-2011)

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6x01 The Longest Night Isso é o que as mães deveriam fazer. Elas não deveriam ser a causa da sua dor, elas deveriam fazer a dor sumir. Elas deveriam te segurar e dizer que tudo ficará bem. Deveriam dizer que trovões são anjos jogando boliche e que está tudo bem ter medo do escuro e que não é bobo pensar que pode haver monstros no seu armário e que está tudo bem se quiser dormir na cama delas só dessa vez, porque é assustador no quarto sozinho. Elas deveriam dizer que está tudo bem ter medo, e não ser a razão do seu medo. Mas o mais importante, elas deveriam te amar, acima de tudo. - JJ "Família é um lugar onde a mente entra em contato uma com a outra. Se essas mentes amam umas às outras, a casa será tão bonita quanto um jardim de flores. Mas se essas mentes saírem de harmonia uma com a outra, é como uma tempestade que destrói o jardim." - Buda. 6x02 JJ Jean Racine disse: "uma tragédia não precisa de sangue e morte. Já é suficiente estar cheia de enorme tristeza qu

Concurso Literário 6x6

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Há algum tempo a Revista Piauí online traz um concurso literário mensal que é um desafio de escrita interessante: escrever um microconto em apenas seis palavras. Os três melhores colocados aparecem na edição impressa da revista. O primeiro lugar ganha uma assinatura semestral dela. Os microcontos podem ter uma palavra extra como título, o que acaba ajudando muito para se apontar o tema. Os participantes podem enviar até três microcontos para o email concurso@revistapiaui.com.br até aproximadamente o dia 20 de cada mês. Eu já enviei os meus para a disputa de novembro. Como há concorrentes muito bons, se conseguir ficar entre os três primeiros já está pra lá de bom. Quem quiser ver as seis regras do concurso, bem como os microcontos ganhadores das edições anteriores, acesse o site da revista .

Dia C

Era o fim da humanidade como a conhecemos. Mas todos foram culpados por isso. Ninguém prestou atenção aos sinais, nem ligou quando a contaminação começou. Afinal, era apenas um vírus inofensivo que atacava somente idiotas e mentirosos. Nada a ser levado a sério. Mas estávamos errados. Ninguém se preocupou enquanto o vírus era números e chamadas na tevê. É comum a mídia ser sensacionalista nestes casos. Dá IBOPE. Mas quando os casos começaram a surgir nas principais cidades e depois se espalharam exponencialmente pelo interior, a ação de contenção mostrou-se tardia e ineficaz. Chamou-se o exército, e o vírus infectou desde o soldado até o capitão. Chamou-se a ANVISA, mas o vírus infectou enfermeiros, médicos e socorristas. O vírus atacou atores, cantores, religiosos, trabalhadores, empresários, emergentes ou falidos. Não havia quem desse ordens, pois o vírus atacou os governantes. Não havia quem obedecesse, pois o vírus também atacou os governados. Por ser extremamente mutável, quando s

Convite de lançamento: A besta dos mil anos

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Visite também o blogue do livro .

Juventudes

Se você é daqueles que dizem não entender os jovens de hoje, o vídeo abaixo é para você. Se você é daqueles que dizem não entender os seus pais ou avós, também. Enfim, se você quer saber as difenças entre a juventude dos anos 70, 90 e 10, vale a pena assistir a pesquisa abaixo. O filme 'We All Want to Be Young' é o resultado de diversos estudos realizados pela BOX1824 nos últimos 5 anos. A BOX1824 é uma empresa de pesquisa especializada em tendências de comportamento e consumo. Fonte: Vimeo

Vento ventania

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Conta-se que o vento nasceu séculos atrás quando uma princesa suspirou e assoprou um beijo aos céus em busca do seu amado. Desde então, o vento multiplicou-se com todos os assopros e suspiros apaixonados.

Alemão

- Venha cá, Alemão, você tem visita. Os três guardas esperavam ao lado da porta da cela, que se abriu com um rangido único. Dentro da cela, dentro de uma sobra, dentro de seus pensamentos, Alemão levantou-se. Todos os outros presos pareceram diminuir de tamanho à medida que ele avançava calmamente. O guarda mais alto batia em seu ombro. O mais baixo parecia uma criança. Alemão estendeu as mãos e recebeu as algemas, antes de continuar. O corredor estava quieto, ninguém ousava fazer gracejos com aquele criminoso específico. Até mesmo os guardas, acostumados a serem durões com os detentos, tratavam-no com reverência. Foi conduzido até uma sala onde lhe aguardava um homem franzino. O engomadinho designado pelo Estado. Um calafrio passou pela sua espinha quando viu o tamanho de seu cliente. Quando viu as tatuagens em seus braços e pescoço. Quando viu a cabeleira e barbas ruivas espessas. Quando viu que o Diabo olhava para ele e sorria. A montanha sentou-se diante do defensor, que pigarr

Edney Silvestre comenta o livro vencedor do Jabuti 2010

Mário Quintana nunca escreveu "Deficiências"

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Quem já acompanha o meu blogue faz algum tempo lembra que vez por outra costumo postar algum texto daqueles que circulam em correntes de emails com a autoria anônima ou errôneamente atribuído a outra pessoa. Além de responder imediatamente aqueles que me mandam estes emails tentando desfazer o engano, posto uma réplica aqui também, para futuras referências. Apesar de nunca ter acontecido comigo, acredito que não exista nada pior que escrever um belo texto e o mesmo ficar famoso como de autoria de Jôs, Bials, Quintanas ou Varellas. Estes já tem os seus próprios textos para os engrandecerem. Vamos dar uma chance aos talentos menos conhecidos. E autênticos. Segue o trecho do texto escrito pela professora Renata Vilela, que circula pelos emails, powerpoints e youtubes da vida com o título "Deficiências", de Mário Quintana. O texto pode ser lido na íntegra no site da autora, o Flor Amarela . [...] Hoje posso afirmar que "Deficiente" é aquele que não consegue modif