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Mostrando postagens de abril, 2009

Tudo o que eu queria te dizer, de Martha Medeiros

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O meu texto anterior (vai por mim, leia antes de continuar) é só um exemplo do que Martha Medeiros fez no livro Tudo que eu queria te dizer (Objetiva, 2007). São várias cartas, cada uma um conto, cada uma revelando uma situação e sentimento difíceis, porém possíveis de acontecerem a qualquer um. É a amante enviando uma carta à esposa. O adolescente se desculpando com a mãe do amigo que matou. A viúva com saudades do falecido. A evangélica querendo ver-se livre do coisa-ruim, quando na verdade está repudiando uma parte dentro dela que não conhece. O mais engraçado é ver o coisa-ruim respondendo na carta seguinte. Enfim, são 176 páginas de cartas fictícias, com muito bom humor e inteligência, mostrando uma grande originalidade e criatividade da escritora gaúcha. Ela mesma admite que “ colocar a mim mesma no papel de macho, prostituta, padre, adolescente, esquizofrênicos e, principalmente, no papel das chamadas pessoas normais - que são as mais ricas em histórias pra contar - [...] foi

Série Cartas: RANCOR

Cara senhora Beatriz, Pra encurtar o assunto: eu não te amo, nunca te amei e não sei se quero te amar. Aliás, eu sei: não quero. Prefiro ser direto e simples para você não criar expectativas errôneas a meu respeito. Você nem mesmo deveria ter aparecido na minha vida, eu estava tão feliz, pensando em meu futuro, mas dizem que sempre há algum invejoso para atrapalhar os nossos planos, pra nos mostrar o lado feio da vida. Lamento se sou rude, mas é inevitável que seja assim, foi você quem começou. Mas eu não sou rude com os que me rodeiam e me conhecem ou com os a quem eu amo e que me amam. Feliz ou infelizmente, você não se encaixa em nenhuma destas categorias: não me conhece, não é alguém que eu amo e duvido que me ame. Se tivesse me amado não teria feito o que fez. Me poupe de sua ladainha tentando se justificar para si mesma dizendo que você era imatura, despreparada, insensível e que sofreu muito por mim e que hoje virou uma pessoa diferente, melhor. Pois se seu sofri por você, nem l

A Revoada : O Enterro do Diabo, de Gabriel García Márquez

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Só quem leu Cem Anos de Solidão para saber o que é sentir saudade de Macondo - cidade fictícia e fantástica criada por Gabriel García Márquez - quando escreveu a saga da família Buendía. Mas, pense em alguém que retorna à terra natal e a encontra diferente, mostrando que nela a vida continuou sem ele, e pense mais além, e se esse alguém pudesse voltar no tempo e conhecer a cidade antes de ter passado por ela. Explicando essa viagem toda: existia Macondo antes de Cem Anos de Solidão? A resposta óbvia, e que eu nem sequer desconfiava é sim, Macondo já foi tema do primeiro livro de Gabo, A Revoada : O Enterro do Diabo . Só que neste pré-adendo, o foco é em outra família, mais especificamente o complicado enterro de um personagem que é odiado por toda a cidade. O livro revela que Gabo era grande já no seu primeiro trabalho, utilizando bem algumas técnicas, como as da mudança de narradores (um velho, uma viúva e um garoto) e repetição (num interessante efeito de bailarina de corda). O liv

2ª Bienal do Livro de Goiás

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A Bienal do Livro de Goiás acontecerá do dia 29 de abril à 3 de maio de 2009, no Centro de Convenções de Goiânia. Esta edição homenageia o escritor Bariani Ortênci. O evento inclui a participação de 800 dinamizadores de bibliotecas em cursos específicos, 40 lançamentos de livros de escritores locais, 204 oficinas diversas, 19 cursos, 34 apresentações artísticas e culturais e 27 palestras. A expectativa dos organizadores é que a Bienal receba, nos cinco dias, mais de 100 mil visitantes. Alguns palestrantes de destaque são: Da Utilidade da Poesia, com Elisa Lucinda Campos Gomes (29/04/2009 às 14h30); Bariani Ortencio: Um Paulistinha Genuinamente Goiano, com Bariani Ortencio , Maria Zaira Turchi (UFG), Vera Maria Tietzmann (UFG) (30/04/2009 às 14h00); Diário Noturno, com G abriel O Pensador (30/04/2009 às 19h00); A Arte de Contar Histórias, com Nélida Piñon – Academia Brasileira de Letras (RJ) (01/05/2009 às 10h00); Escritor e Leitor: Trocando Carinhos, com Pedro Bandeira (SP) (02/04/

Só de sacanagem, de Elisa Lucinda Campos Gomes

Elisa Lucinda é atriz e poetisa, tem vários livros publicados, entre eles, Contos de Vista , A Menina Transparente , e a coleção Amigo Oculto , para crianças; e CDs de poesia, como Semelhante e Notícias de Mim . Criou em 1998 a Escola Lucinda de Poesia Viva – Casa Poema, no Rio de Janeiro, onde coordena oficinas permanentes de poesia. Meu coração está aos pulos! Quantas vezes minha esperança será posta à prova? Por quantas provas terá ela que passar? Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu, do nosso dinheiro que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais. Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova? Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais? É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha qu

House M.D. - 5ª temporada (2008-2009)

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5x21 Salvadores As pessoas só mudam depois de um trauma se queriam mudar antes do trauma. Ou se assistiram muitos especiais infantis. 5x05 Treze da Sorte Você não deixa os problemas das outras pessoas te afetarem. Não deixa os seus próprios problemas te afetarem. E são esses problemas que nos fazem interessantes. Nunca está fora de controle. O que é bom e chato. Nunca perder o controle também significa que nunca se arrisca. Nunca ultrapassa os seus limites. 5x03 Eventos Adversos Infelizes salvam mais vidas. Se sua vida tem significado, seu emprego não tem que ter. Erros são mais agradáveis se temos os braços de alguém para ir chorar. É nobre querer confessar. Mas se os resultados só causam problemas e dor, daí não é nobre. É egoísmo. 5x01 Morrer Muda Tudo Podemos correr atrás de tudo, mas não iremos conseguir só porque queremos. Prefiro passar a minha vida junto aos pássaros do que jogá-la fora desejando ter asas. Quase morrer não muda nada. Estar morrendo muda tudo. House M. D. - 4ª

Calipso e Ulisses, de Simone Athayde

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É, faz tempo que eu não lia um goiano. Menos ainda, um de Anápolis. Nunca, uma anapolina. Mas conspirou aquela curiosidade em descobrir o que os conterrâneos andam escrevendo de bom, ou ruim, junto a existência mórbida de amigos que vivem a empurrar livros e autores internacionalmente desconhecidos só porque compartilhamos o gosto pelas palavras, e o resultado é que acabei lendo Calipso e Ulisses , da romancista estreante Simone Athayde. E só porque é estreante (e porque todos um dia serão), e graduanda em Letras (porque eu um dia serei), não vou pegar pesado. Afinal, poderia falar de-mo-ra-da-men-te das falhas do livro, dos clichês (que tanto gosto), dos erros grotescos de impressão e não tão grotescos de gramática (culpa da Kelps pela falta de um revisor com nível médio), da confusão entre narradores nos trechos em que (propositalmente?) parece que caímos sem pára-quedas (olha o clichê, ó) em outro livro. Mas não, não, não não não não!, prefiro ver o livro como um primeiro passo para