Schopenhauer
Sobre Traduções:
Todas as traduções são necessariamente imperfeitas, pois as expressões características, marcantes e significativas de uma língua não podem ser transpostas para outra.
Sobre Escrita:
Deve-se evitar toda prolixidade e todo entrelaçamento de observações que não valem o esforço de leitura. É preciso ser econômico com o tempo, a dedicação e a paciência do leitor, de modo a receber dele o crédito de considerar o que foi escrito digno de uma leitura atenta e capaz de recompensar o esforço empregado nela.
Só produz o que é digno de ser escrito quem escreve unicamente em função do assunto tratado.
A condição deplorável da literatura atual tem sua raiz no fato de os livros serem escritos para se ganhar dinheiro.
Também se pode dizer que há três tipos de autores: em primeiro lugar, aqueles que escrevem sem pensar. Escrevem a partir da memória, de reminiscências, ou diretamente a partir de livros alheios. Essa classe é a mais numerosa. Em segundo lugar, há os que pensam enquanto escrevem. Eles pensam justamente para escrever. São bastante numerosos. Em terceiro lugar, há os que pensaram antes de se pôr a escrever. Escrevem apenas porque pensaram. São raros.
Sobre Editores:
Tenham mais honra no corpo e menos dinheiro nos bolsos e deixem os ignorantes sentirem sua inferioridade, em vez de fazer cortesias às suas carteiras.
Sobre Pensadores:
O mais belo pensamento corre o perigo de ser irremediavelmente esquecido quando não é escrito.
Sobre Livros:
O que o endereço do destinatário é para uma carta, o título deve ser para um livro, ou seja, o principal objetivo é encaminhá-lo à parcela do público para a qual seu conteúdo possa ser interessante.
Sobre a Crítica:
As revistas literárias deveriam ser o dique contra a crescente enxurrada de livros ruins e inúteis e contra o inescrupuloso desperdício de tinta de nosso tempo (...). Elas deveriam fustigar sem pudor toda a obra malfeita de um intruso, toda a subliteratura por meio da qual uma cabeça vazia quer socorrer o bolso vazio, ou seja, aproximadamente nove décimos de todos os livros.
Normalmente as resenhas são feitas no interesse dos editores e não no interesse do público.
É claro que uma revista literária do tipo que defendo só poderia ser escrita por pessoas em que uma probidade incorruptível estivesse unida, por um lado, a um nível raro de conhecimento e, por outro, a uma capacidade de julgar ainda mais rara.
A honra é, objetivamente, a opinião dos outros acerca do nosso valor, e, subjetivamente, o nosso medo dessa opinião.
Sobre a Liberdade de Imprensa:
A liberdade de imprensa deveria pelo menos ser condicionada por uma proibição de todo e qualquer anonimato e do uso de pseudônimos.
Usar o anonimato para atacar pessoas que não escreveram anonimamente é evidentemente desonroso.
Sobre o Estilo:
O estilo é a fisionomia do espírito. E ela é menos enganosa do que a do corpo.
Quem tem algo digno de menção a ser dito não precisa ocultá-lo em expressões cheias de preciosismos, em frases difíceis e alusões obscuras, mas pode se expressar de modo simples, claro e ingênuo, estando certo com isso de que suas palavras não perderão o efeito.
Quem escreve de modo afetado é como alguém que se enfeita para não ser confundido e misturado com o povo; um perigo que o gentleman não corre, mesmo usando o pior traje.
A verdade fica mais bonita nua, e a impressão que ela causa é mais profunda quanto mais simples for sua expressão.
Todas as traduções são necessariamente imperfeitas, pois as expressões características, marcantes e significativas de uma língua não podem ser transpostas para outra.
Sobre Escrita:
Deve-se evitar toda prolixidade e todo entrelaçamento de observações que não valem o esforço de leitura. É preciso ser econômico com o tempo, a dedicação e a paciência do leitor, de modo a receber dele o crédito de considerar o que foi escrito digno de uma leitura atenta e capaz de recompensar o esforço empregado nela.
Só produz o que é digno de ser escrito quem escreve unicamente em função do assunto tratado.
A condição deplorável da literatura atual tem sua raiz no fato de os livros serem escritos para se ganhar dinheiro.
Também se pode dizer que há três tipos de autores: em primeiro lugar, aqueles que escrevem sem pensar. Escrevem a partir da memória, de reminiscências, ou diretamente a partir de livros alheios. Essa classe é a mais numerosa. Em segundo lugar, há os que pensam enquanto escrevem. Eles pensam justamente para escrever. São bastante numerosos. Em terceiro lugar, há os que pensaram antes de se pôr a escrever. Escrevem apenas porque pensaram. São raros.
Sobre Editores:
Tenham mais honra no corpo e menos dinheiro nos bolsos e deixem os ignorantes sentirem sua inferioridade, em vez de fazer cortesias às suas carteiras.
Sobre Pensadores:
O mais belo pensamento corre o perigo de ser irremediavelmente esquecido quando não é escrito.
Sobre Livros:
O que o endereço do destinatário é para uma carta, o título deve ser para um livro, ou seja, o principal objetivo é encaminhá-lo à parcela do público para a qual seu conteúdo possa ser interessante.
Sobre a Crítica:
As revistas literárias deveriam ser o dique contra a crescente enxurrada de livros ruins e inúteis e contra o inescrupuloso desperdício de tinta de nosso tempo (...). Elas deveriam fustigar sem pudor toda a obra malfeita de um intruso, toda a subliteratura por meio da qual uma cabeça vazia quer socorrer o bolso vazio, ou seja, aproximadamente nove décimos de todos os livros.
Normalmente as resenhas são feitas no interesse dos editores e não no interesse do público.
É claro que uma revista literária do tipo que defendo só poderia ser escrita por pessoas em que uma probidade incorruptível estivesse unida, por um lado, a um nível raro de conhecimento e, por outro, a uma capacidade de julgar ainda mais rara.
A honra é, objetivamente, a opinião dos outros acerca do nosso valor, e, subjetivamente, o nosso medo dessa opinião.
Sobre a Liberdade de Imprensa:
A liberdade de imprensa deveria pelo menos ser condicionada por uma proibição de todo e qualquer anonimato e do uso de pseudônimos.
Usar o anonimato para atacar pessoas que não escreveram anonimamente é evidentemente desonroso.
Sobre o Estilo:
O estilo é a fisionomia do espírito. E ela é menos enganosa do que a do corpo.
Quem tem algo digno de menção a ser dito não precisa ocultá-lo em expressões cheias de preciosismos, em frases difíceis e alusões obscuras, mas pode se expressar de modo simples, claro e ingênuo, estando certo com isso de que suas palavras não perderão o efeito.
Quem escreve de modo afetado é como alguém que se enfeita para não ser confundido e misturado com o povo; um perigo que o gentleman não corre, mesmo usando o pior traje.
A verdade fica mais bonita nua, e a impressão que ela causa é mais profunda quanto mais simples for sua expressão.
Arthur Schopenhauer (1788-1860) foi filósofo alemão. Embora sua obra principal seja O mundo como vontade e representação, a sua obra mais conhecida é Parerga e Paraliponema.
Muito atuais os comentários dele.
ResponderExcluirUm abraço.