Podemos Repetir o Passado?

Um homem que construiu um mundo de ilusões por amor à uma mulher. Uma sociedade esnobe e mesquinha em que as aparências valem mais que sabedoria. Um jogo de traições em que o mais desprezível sai vencedor. Isto é o que o leitor encontrará em O Grande Gatsby, livro do norte-americano F. Scott Fitzgerald, publicado em 1925, retratando um pouco a frívola sociedade americana pré Grande Depressão. 

Nesta releitura da obra após seis anos (veja a resenha original) ainda continuo a afirmar que o livro permanece na minha lista de melhores leituras de todos os tempos, porém agora por motivos diferentes. Antes, o que me chamou a atenção foi a habilidade do escritor no manuseio das palavras, agora, além disso, o que me maravilhou foram as críticas à sociedade consumista e de felicidade ilusória (american way of life), o deslumbramento de Nick Carraway por Gatsby, tornando-o uma espécie de falso narrador, e a futilidade de alguém se moldar para tentar agradar os que não se importam nem um pouco com ele. Grandes lições em apenas 182 páginas.

A edição da Penguin-Companhia das Letras traz uma introdução e análise da obra de 51 páginas do crítico literário Paul Antony Tenner, recomendável a leitura somente ao final pois contém alguns spoilers (revelações sobre o enredo) que poderiam estragar um pouco a surpresa dos quem leem o livro pela primeira vez.

O livro, que dentre outras já contava com uma adaptação cinematográfica em 1974 com Robert Redford e Mia Farrow, ganhou uma nova superprodução em 2013 com Leonardo DiCaprio e Carey Mulligan, com excelentes figurino e fotografia, mas que vem recebendo algumas críticas negativas por parte dos telespectadores acostumados à finais felizes. Contudo, a história de Gatsby nos lembra que a vida não é um conto de fadas, e que tragédias fazem parte tanto do nosso dia-a-dia quanto da literatura de boa qualidade.


Esta resenha é fruto da parceria com o Empório Gourmet e sua nova seção "Livros que Merecem Bons Vinhos".

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