A terra pura, de Alan Spence
"Somente se levanta aquele que cai."
A terra pura é um romance histórico baseado na vida de Thomas Blake Glover, um escocês que mudou-se para o Japão em 1859 e teve um papel fundamental na modernização que ocorreu por lá entre meados do século 18 e início do século 19.
Falar sobre o livro significa falar sobre a biografia de Glover. Ele saiu ainda jovem de Aberdeen, Escócia, para trabalhar no Japão na empresa Jardine Matheson como comprador de chá verde. Logo abriu sua própria empresa, comprando, secando e exportando chá para o exterior. Depois investiu em tráfico de ópio, câmbio e importação de itens diversos. Inaugurou a primeira locomotiva no Japão. Mas obteve seu maior sucesso quando começou a vender armas, canhões e navios, primeiro para o Shogum (que mandava no Japão naquela época) depois para os clãs rebeldes, principalmente os Satsuma, Chosu e Tosa, que apoiavam a volta do governo imperial e uma maior abertura do Japão ao ocidente. Como estes clãs eram compostos por samurais e não se misturavam com os estrangeiros, foi o primeiro casamento de Glover com Sono, do clã Satsuma, que acabou ajudando na aproximação comercial deles.
Glover teve três filhos: o primeiro, fruto de uma relação adolescente antes de sua partida para o Japão, o segundo com sua esposa Tsuru, a menina Hana, que mais tarde casou com um comerciante britânico e se mudou para a Coréia do Sul, e o terceiro com uma gueixa chamada Maki, o biólogo Tomisaburo, que fez um catálogo com as espécies marinhas existentes no Japão.
Glover assistiu de perto o ataque britânico a Kagoshima em 1863, da mesma forma que o seu filho Tomisaburo assistiu o bombardeio atômico a Nagasaki em 1945. Por causa das dificuldades impostas aos estrangeiros pelo Shogunato Tokugawa, Glover apoiou a revolução que iniciou o período Meiji japonês. Por causa disso, faliu em 1870 e passou a trabalhar como administrador de mina de carvão e de dique seco que virariam a empresa Mitsubishi do Japão.
A residência de Glover em Nagasaki, chamada de Jardim de Glover, possui uma vista privilegiada da cidade por situar-se na encosta de uma montanha e atualmente é um museu visitado por milhares de turistas todos os anos. Dizem que a ópera Madame Butterfly é inspirada na vida de Glover, mas não há documentos que comprovem o fato. Também há boatos que o rótulo da cerveja japonesa Kirin, baseado numa criatura mítica, é na verdade uma homenagem a Glover, que tinha um bigode semelhante ao da criatura.
O último capítulo fala sobre um possível fim para a gueixa Maki e é repleto de filosofia e de histórias antigas japonesas, inclusive algumas sobre o lendário guerreiro Bodhidharma. Uma ótima maneira de encerrar um livro que, apesar do tom predominante de biografia, não chega a ser cansativo.
Assim como o protagonista de A terra pura, Alan Spence, o autor do livro, também é escocês. Esta semelhança deve ter facilitado ao escritor a ver como um estrangeiro se sente ao atravessar o planeta e abraçar sem medo uma nova cultura. Spence tenta conciliar a personalidade forte de Glover com os seus feitos históricos e ele ora aparece mostrando sentimentos nobres, ora demonstra seus defeitos como contrabandista, traficante de armas e drogas e capitalista inescrupuloso.
leitura em: Janeiro 2008
obra: A terra pura (The pure land), de Alan Spence
tradução: Diego Alfaro
edição: 1ª, Nova Fronteira (2007), 399 pgs
preço: Compare os preços de A terra pura no Bondfaro
A terra pura é um romance histórico baseado na vida de Thomas Blake Glover, um escocês que mudou-se para o Japão em 1859 e teve um papel fundamental na modernização que ocorreu por lá entre meados do século 18 e início do século 19.
Falar sobre o livro significa falar sobre a biografia de Glover. Ele saiu ainda jovem de Aberdeen, Escócia, para trabalhar no Japão na empresa Jardine Matheson como comprador de chá verde. Logo abriu sua própria empresa, comprando, secando e exportando chá para o exterior. Depois investiu em tráfico de ópio, câmbio e importação de itens diversos. Inaugurou a primeira locomotiva no Japão. Mas obteve seu maior sucesso quando começou a vender armas, canhões e navios, primeiro para o Shogum (que mandava no Japão naquela época) depois para os clãs rebeldes, principalmente os Satsuma, Chosu e Tosa, que apoiavam a volta do governo imperial e uma maior abertura do Japão ao ocidente. Como estes clãs eram compostos por samurais e não se misturavam com os estrangeiros, foi o primeiro casamento de Glover com Sono, do clã Satsuma, que acabou ajudando na aproximação comercial deles.
Glover teve três filhos: o primeiro, fruto de uma relação adolescente antes de sua partida para o Japão, o segundo com sua esposa Tsuru, a menina Hana, que mais tarde casou com um comerciante britânico e se mudou para a Coréia do Sul, e o terceiro com uma gueixa chamada Maki, o biólogo Tomisaburo, que fez um catálogo com as espécies marinhas existentes no Japão.
Glover assistiu de perto o ataque britânico a Kagoshima em 1863, da mesma forma que o seu filho Tomisaburo assistiu o bombardeio atômico a Nagasaki em 1945. Por causa das dificuldades impostas aos estrangeiros pelo Shogunato Tokugawa, Glover apoiou a revolução que iniciou o período Meiji japonês. Por causa disso, faliu em 1870 e passou a trabalhar como administrador de mina de carvão e de dique seco que virariam a empresa Mitsubishi do Japão.
A residência de Glover em Nagasaki, chamada de Jardim de Glover, possui uma vista privilegiada da cidade por situar-se na encosta de uma montanha e atualmente é um museu visitado por milhares de turistas todos os anos. Dizem que a ópera Madame Butterfly é inspirada na vida de Glover, mas não há documentos que comprovem o fato. Também há boatos que o rótulo da cerveja japonesa Kirin, baseado numa criatura mítica, é na verdade uma homenagem a Glover, que tinha um bigode semelhante ao da criatura.
O último capítulo fala sobre um possível fim para a gueixa Maki e é repleto de filosofia e de histórias antigas japonesas, inclusive algumas sobre o lendário guerreiro Bodhidharma. Uma ótima maneira de encerrar um livro que, apesar do tom predominante de biografia, não chega a ser cansativo.
"Certa vez, ele [Bodhidharma] adormeceu durante a meditação; ficou tão bravo consigo mesmo que cortou fora as próprias pálpebras, para que seus olhos ficassem sempre abertos. Jogou-as num canto e, no lugar onde caíram, nasceu a primeira planta de chá. Assim, os monges puderam desde então tomar chá, para ficarem acordados!"
Assim como o protagonista de A terra pura, Alan Spence, o autor do livro, também é escocês. Esta semelhança deve ter facilitado ao escritor a ver como um estrangeiro se sente ao atravessar o planeta e abraçar sem medo uma nova cultura. Spence tenta conciliar a personalidade forte de Glover com os seus feitos históricos e ele ora aparece mostrando sentimentos nobres, ora demonstra seus defeitos como contrabandista, traficante de armas e drogas e capitalista inescrupuloso.
leitura em: Janeiro 2008
obra: A terra pura (The pure land), de Alan Spence
tradução: Diego Alfaro
edição: 1ª, Nova Fronteira (2007), 399 pgs
preço: Compare os preços de A terra pura no Bondfaro
Com certeza não demora muito esse livro estará nas telas do s cinemas. Como sempre uma resenha que dá vontade de ler o livro.
ResponderExcluirUm abraço meu caro.
Comprei recentemente esse livro e terminei ontem a leitura, excelente mesmo, recomendo para quem gosta de uma ótima leitura. A resenha ficou muito boa também, parabéns
ResponderExcluirmuito bom este livro estou lendo
ResponderExcluirnos faz viaja literalmente conhecedo japao na epoca feudal e sua evoluçao ate a 2°guerra mundial muito interessante esse livro