O tio Philomeno

O tio Philomeno era o rei da festa. Com o seu jeito bonachão, quase nem era lembrado nos dias comuns. Mas quando a família se reunia, não havia como não prestar atenção naquela barriga enorme, na cara redonda e vermelha, nas brincadeiras pueris com crianças e adultos. No início, enquanto todos ainda chegavam meio tímidos, lá estava ele correndo atrás da gurizada, que fugia aterrorizada. Ao final, era a gurizada que não desgrudava dele de jeito nenhum, num festival de bracinhos agarrados às suas pernas e de choros sentidos. O tio Philomeno era companheiro inseparável de um canecão de vinho tinto sangue-de-boi, que corava rápido as suas bochechas polonesas. Quando a bebida e os parentes o incentivavam, cantava músicas de seus antepassados que só ele lembrava ou entendia. Durante as partidas de bocha, parece que não se importava muito em ganhar, mas em divertir a todos. Até hoje comenta-se sobre o dia em que ele se foi, engasgado com um pedaço de churrasco, aparecendo no quintal pulando e balançando os braços para os convidados, a cara vermelha e suada, fazendo a alegria e divertindo os parentes até mesmo em seu último suspiro.

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Comentários

  1. Olá..
    Apeteceu vir até aqui estar um cadinho com vc..
    calhou ler o tio que tinha, meus tios também são bons, mas ficando pró velhote perdem metade da graça....
    É bom ter tios que ajudam a criançada a se divertir e quando partem deixam saudade..
    beijinhos..

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  2. Nada melhor que família animada!
    Transformam nossos momentos em perfeitas anedotas... para mais tarde recordar.

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  3. É a maldição de todo bonachão: morrer pelas mãos da alegria...

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  4. Por sugestão de uma leitora querida, troquei Filomeno por Philomeno, para dar um ar mais antigo ao personagem.

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  5. EXERCÍCIO: Escrever uma estória em apenas um parágrafo.

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  6. Tio Philomeno é só meu. Às vezes as pessoas não entendem. Nem mesmo o próprio autor, que deve doar seu amor. Tio Phil é só meu, só meu!...

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