Sobre a Brevidade da Vida, de Sêneca

Compre Sobre a brevidade da vidaA filosofia estóica me fascina. Como pensamentos tão simples e antigos podem mudar nossa maneira de ver a vida tão profundamente? Primeiro passeei com Epiteto em A Arte de Viver e ele me confidenciou o segredo da felicidade. Agora Sêneca mandou uma carta me mostrando como viver mais, em Sobre a Brevidade da Vida. Se continuar nesse ritmo, em pouco tempo conhecerei todos os mistérios do Universo, até que sabe decifrarei o maior de todos eles: as mulheres!

Quisera eu que todos tivessem acesso aos clássicos gregos, principalmente a tratados filosóficos como este, fáceis de ler e de rápida assimilação, para se lambusarem neste manjar. O problema nem mesmo chega a ser o preço, afinal, os livros da Coleção L&PM Pocket Plus custam apenas R$ 6,00. É isso mesmo, o livro é mais barato que a xerox dele! O que está faltando mesmo em nós é estímulo para trocar as baboseiras da TV por algo que faça realmente a diferença na vida (o livro fala disso, não é inspiração minha).

A vida de Lúcio Anneo Sêneca já daria um ótimo livro: Ele foi tutor de Nero. Não pense que por isso ele era ruim. Sabia que Nero no início era um bom imperador? Graças a quem? Exato. Somente depois que Nero se afastou da filosofia e dos bons conselheiros é que virou o tirano que o mundo conhece. Chegou ao ponto de condenar Sêneca ao suicídio, por uma suposta tentativa de golpe. Diz-se que ele serenamente cumpriu sua pena, de forma bastante lenta e dolorosa.

Sêneca não nos conta nada de novo, mas a maneira simples como o diz é o que cativa o leitor. Acredito que a tradução moderna (2006) feita direto do latim por 3 tradutores ajudou bastante. Mostra que a L&PM além de um preço acessível também quer mostrar qualidade.

O livro é escrito em forma de epístola (carta) a alguém chamado de Paulino (supostamente o sogro de Sêneca) e mostra pérolas de sabedoria como esta: "Não julgues que alguém viveu muito por causa de suas rugas e cabelos brancos: ele não viveu muito, apenas existiu por muito tempo." (pg. 43). O interessante é que pela fórmula ensinada no livro, podemos facilmente viver cem, quinhentos, mil anos. Dissertando sobre a vida, consequentemente também somos ensinados a encarar a morte. E como bônus, mostra-nos um ponto de vista bastante original sobre os prazeres, a educação e a amizade.

Não comprei este livro, ganhei no Projeto Leia Livro. Mas vou aproveitar para aumentar a minha biblioteca com as ótimas obras que aparecem no catálogo da L&PM. Livro bom e barato? É comigo mesmo!

leitura em: Março 2007
título: Sobre a brevidade da vida (De brevitale vitae)
edição: 1ª, Coleção LP&M Pocket Plus nº 548 (2006), 84 pgs
Bom

Comentários

  1. Hoje vim com pouco tempo, mas voltarei para tudo ler com atenção...meu rasto deixo, Cõllybry

    ResponderExcluir
  2. Opa, epicuristas não eram estóicos, aliás, muito pelo contrário... Os epicuristas professavam o domínio sobre os deseres. Os estóicos, sua supressão. Diferenciação fundamental, por vários motivos, mas não estou a fim de fazer um tratado sobre isso, muito menos agora...

    Se não me engano, a tese de doutorado de Marx foi exatamente sobre esse assunto.

    ResponderExcluir
  3. Você conseguiu não apenas mostrar como o livro lhe tocou, mas ainda, de quebra, receitou a leitura como antídoto para o efêmero que a TV oferece.

    ResponderExcluir
  4. Meu caro leitor de Sêneca, é um prazer enorme ver - ou pelo menos ler - algum escrito de alguém com tão boas companhias (entenda como companhias filosóficas o que falo). Concordo com o que dizes sobre a TV, mas me falta experiência em discussar sobre Sêneca. Direi, porém, algumas coisas sobre um assunto que ficou meio perdido no teu escrito: as mulheres. Bom, a meu ver, o princípio básico que podemos utilizar para entender as mulheres seria este: amor e ódio. Caso não tenhas entendido, ou simplesmente para enfeitar - ou, quem sabe, trazer um pouco mais de fundamento ao que disse, a partir de outra pessoa (um companheiro meu, por assim dizer) -, anuncio os segundos dizeres de Nietzsche: "Sem a intervenção do amor e do ódio, a mulher sai-se mediocrimente" E mais este: "No amor e no ódio, a mulher é mais bárbara que o homem" Certo, para começo de conversa, acho que estas duas frases refletem, e muito, o espírito feminino. Refletem tanto que eu acho que acabam por se fortalecer, mediante conversas dadas, a qualquer instante, e a qualquer momento (já que, como se sabe, elas conversam em demasia). Além do mais, tenho fortes razões para acreditar, que todo o processo de conversação tende a fazer crescer - e fortalecer - o espírito de fel feminino, ou, como queiras, a idéia que ela possa ter a respeito de alguém, seja esta boa ou não. Além do mais, quando entendemos o quanto que elas conversam, fica-se claro entender, a meu ver, porque elas não são objetivas, quando precisam se expressar sobre algo relacionado a nosso respeito. Fica claro que o que falta nelas não é uma objetividade, mas uma "objetividade não gasta", por assim dizer - já que a objetividade das mulheres, sob meu observar, se encontra gasto pela passagem de tantos ouvidos amigos. Tchau, e me desculpe qualquer falha, seja ela escrita ou dada pela falta de coerência no texto

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Isso aqui não é uma democracia. Portanto, escreva o que você quiser, mas eu publico somente os comentários que EU quiser.

Postagens mais visitadas deste blog

Expressões lá do Goiás (II): Cara lerda

Oração da Serenidade, de Reinhold Niebuhr

Destaques da 23ª semana de 2010