O Caso dos Dez Negrinhos, de Agatha Christie
Uma ilha. Dez pessoas. Um assassino. Se estas premissas já garantiriam uma boa trama policial, imagine uma escrita pela mestra do suspense, Agatha Christie. É simplesmente genial!
Quando um a um, os personagens vão morrendo sem saber quem é o assassino. Nem os personagens, nem o leitor. Eu bem que tentei, mas a Sra. Christie conseguiu me enganar completamente. Só desvendei o mistério quando terminei de ler o livro, o que não é lá grande coisa já que ela revela tudo no epílogo. Todos os meus palpites sobre quem era o culpado estavam errados. Todas as pistas que foram deixadas eu não percebi. Até chutei que era o mordomo, por falta de imaginação e opção. Hehehe, a conclusão é que definitivamente eu não tenho nenhum tino pra Sherlock Holmes.
A história começa quando dez pessoas são convidadas a ir para a deserta Ilha do Negro por motivos diferentes. Lá descobrem que além de não se conhecerem nem ao seu hospedeiro, todas são acusadas de terem praticado um homicídio no passado. Como não conseguem sair da ilha, e diante de uma nova morte a cada momento, a tensão, o medo, a suspeita e as acusações mútuas vão ficando cada vez mais comuns. Mas todos querem descobrir o verdadeiro assassino antes que seja tarde demais. Para cada pessoa que morre, a estátua de um negrinho que está em cima da mesa de jantar desaparece. E cada morte parece estar relacionada a uma velha historieta infantil em versos que aparecem gravadas em mármore nos quartos. Será que alguém conseguirá escapar desta armadilha? E você, se estivesse na Ilha do Negro, conseguiria?
A autora consegue explorar algo intrínseco a cada um de nós, o sentimento de culpa. É a mesma fórmula usada por outros mestres, como Kafka em O Processo, e também no cinema, como nas sequências de "Eu sei o que vocês fizeram no verão passado". Mesmo que você não tenha feito nada, a sua consciência o acusará nas mínimas coisas, naquilo mais íntimo e secreto em sua personalidade.
O livro merece ser lido pela história, que é considerada uma das melhores já escritas por Agatha Christie. Mas a Editora Globo pecou em vários aspectos do livro. O primeiro e mais visível de todos é a péssima tradução. A impressão é que ou a tradução é mais velha do que eu ou o tradutor não entende muito do que se propôs a fazer. Um exemplo de um erro gritante: em inglês existe uma expressão para identificar horas fracionadas como na frase two hours and an quarter, que traduzindo para o português ficaria como duas horas e quinze minutos (veja mais no Tecla SAP). Agora imagine se alguém traduzisse como duas horas e um quarto! Você entenderia se não conhecesse a expressão em inglês? Quem fala as horas deste jeito no Brasil? Pois é, o tradutor deve ser o único que fala. Só os softwares de tradução automática (que são meio burrinhos em expressões) fazem isso. Outro problema é a qualidade do papel, que não é algo feito para durar. Tá certo que os livros de bolso (pocket) ou os romances água-com-açúcar de banca de jornal são impressos no mesmo tipo de papel, mas nenhum deles custa o que é cobrado pelo O Caso dos Dez Negrinhos.
O título se baseia numa cantiga infantil tradicional de Inglaterra e causou muita polêmica na época em que foi publicada nos Estados Unidos devido a preocupações com acusações de racismo; por esse motivo, edições mais recentes receberam o título Then There Were None (Então Não Sobrou Ninguém). No Brasil, permanece o título original.
leitura em: Março 2007
título: O Caso dos Dez Negrinhos (Ten little niggers)
edição: 29ª, Globo (2000), 219 pgs
Quando um a um, os personagens vão morrendo sem saber quem é o assassino. Nem os personagens, nem o leitor. Eu bem que tentei, mas a Sra. Christie conseguiu me enganar completamente. Só desvendei o mistério quando terminei de ler o livro, o que não é lá grande coisa já que ela revela tudo no epílogo. Todos os meus palpites sobre quem era o culpado estavam errados. Todas as pistas que foram deixadas eu não percebi. Até chutei que era o mordomo, por falta de imaginação e opção. Hehehe, a conclusão é que definitivamente eu não tenho nenhum tino pra Sherlock Holmes.
A história começa quando dez pessoas são convidadas a ir para a deserta Ilha do Negro por motivos diferentes. Lá descobrem que além de não se conhecerem nem ao seu hospedeiro, todas são acusadas de terem praticado um homicídio no passado. Como não conseguem sair da ilha, e diante de uma nova morte a cada momento, a tensão, o medo, a suspeita e as acusações mútuas vão ficando cada vez mais comuns. Mas todos querem descobrir o verdadeiro assassino antes que seja tarde demais. Para cada pessoa que morre, a estátua de um negrinho que está em cima da mesa de jantar desaparece. E cada morte parece estar relacionada a uma velha historieta infantil em versos que aparecem gravadas em mármore nos quartos. Será que alguém conseguirá escapar desta armadilha? E você, se estivesse na Ilha do Negro, conseguiria?
A autora consegue explorar algo intrínseco a cada um de nós, o sentimento de culpa. É a mesma fórmula usada por outros mestres, como Kafka em O Processo, e também no cinema, como nas sequências de "Eu sei o que vocês fizeram no verão passado". Mesmo que você não tenha feito nada, a sua consciência o acusará nas mínimas coisas, naquilo mais íntimo e secreto em sua personalidade.
O livro merece ser lido pela história, que é considerada uma das melhores já escritas por Agatha Christie. Mas a Editora Globo pecou em vários aspectos do livro. O primeiro e mais visível de todos é a péssima tradução. A impressão é que ou a tradução é mais velha do que eu ou o tradutor não entende muito do que se propôs a fazer. Um exemplo de um erro gritante: em inglês existe uma expressão para identificar horas fracionadas como na frase two hours and an quarter, que traduzindo para o português ficaria como duas horas e quinze minutos (veja mais no Tecla SAP). Agora imagine se alguém traduzisse como duas horas e um quarto! Você entenderia se não conhecesse a expressão em inglês? Quem fala as horas deste jeito no Brasil? Pois é, o tradutor deve ser o único que fala. Só os softwares de tradução automática (que são meio burrinhos em expressões) fazem isso. Outro problema é a qualidade do papel, que não é algo feito para durar. Tá certo que os livros de bolso (pocket) ou os romances água-com-açúcar de banca de jornal são impressos no mesmo tipo de papel, mas nenhum deles custa o que é cobrado pelo O Caso dos Dez Negrinhos.
O título se baseia numa cantiga infantil tradicional de Inglaterra e causou muita polêmica na época em que foi publicada nos Estados Unidos devido a preocupações com acusações de racismo; por esse motivo, edições mais recentes receberam o título Then There Were None (Então Não Sobrou Ninguém). No Brasil, permanece o título original.
leitura em: Março 2007
título: O Caso dos Dez Negrinhos (Ten little niggers)
edição: 29ª, Globo (2000), 219 pgs
Já li esse livro. Realmente fica a surpresa pro final. Muito bom. Só espero que o preço não esteja assustador.
ResponderExcluirMuito obrigado pela visita!! Bom.. eu ás vezes sinto-me mesmo como uma princesa perdida que anda á procura de quem é e de onde vem... outras vezes sinto-me tão insignificante que nem dá para pensar nessas coisas.
ResponderExcluirBeijo
Legal que vocês se encontraram.
ResponderExcluirEssa menina é um amor de pessoa.
Espero que se comuniquem bastante.
l.s.
ResponderExcluirO preço não é caro (R$14,00), mas comparando com outros nas bancas que tem a mesma qualidade acaba ficando 3x mais que a média.
A expressão duas horas e um quarto é muito utilizada aqui em Portugal.
ResponderExcluiracredito que seja sim, mas aqui no Brasil não.
ResponderExcluirnunca li nada da agatha christie... mas se quiser uma sugestão, leia sherlock holmes... já conhece?
ResponderExcluire obrigada pela sugestão de literatura de humor!
Que bom encontrar um espaço como este aqui. Na verdade, que ótimo!
ResponderExcluirAbraço.
parece-me muito interessante
ResponderExcluirEu precisava saber o nome da cantiga que Agatha Mary Clarissa Miller se baseou ao fazer o livro...
ResponderExcluirPor favor, alguém sabe??
É urgente!
Obrigado desde já!
"Christie's book is regarded by some as the best mystery novel ever written, and its changing title makes for quite a story all by itself. "Ten Little Indians" was originally the title of a comic song written in the 1860s by Philadelphia songwriter Septimus Winner. The song made its way to England, where another songwriter named Frank Green adapted it for use in a Victorian minstrel show, giving it new lyrics and changing "Indians" to "Niggers." In each stanza of the lyrics, one of the little niggers disappears through a different cause: "One choked his little self and then there were nine. ... One overslept himself and then there were eight. ... One said he'd stay there and then there were seven. ... One chopped himself in halves and then there were six."
ResponderExcluirChristie liked to use nursery songs for her titles, and by the time she wrote Ten Little Niggers in 1939, Green's version had become a popular children's song in the United Kingdom. Her story follows a plot similar to the song, as a series of murders are committed using methods that echo its lyrics. In later editions, however, the publisher decided that the original title could be construed as racially offensive and retitled it, also changing some of the wording of the story to soften the racial references."
Fonte: Jim Crow Propaganda
Vc conseguiu traduzir bem o que é este livro da Agatha. Pra mim, um dos melhores dela. O clima na Ilha, a história, tudo vai nos envolvendo do começo ao fim. Li o livro mais de uma vez e já vi o filme também.
ResponderExcluirEu li esse livro, também achei genial!Fiquei um tempão impressionada com a astúcia do enredo...
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