O Sobrinho do Mago, de C. S. Lewis

Clique e compre!1. O Sobrinho do Mago (The Magician's Nephew)
Publicado em 1955.
Ano na Inglaterra: 1900
Ano em Nárnia: 1
Digory e Polly descobrem uma passagem secreta que interliga suas casas e, enganados pelo tio André, viajam para o Reino de Charn, onde acordam a malvada rainha Jadis. Em uma nova viagem, eles testemunham a criação do mundo de Nárnia, através da canção do Grande Leão, Aslam.
Bom

Apesar de não ser o primeiro livro publicado da série As Crônicas de Nárnia (é o sexto), O Sobrinho do Mago é sugerido atualmente como o primeiro para a ordem de leitura, justamente por narrar a criação do mundo de Nárnia. As comparações com o Gênesis bíblico não são mera coincidência, pois C. S. Lewis, um notável defensor das idéias cristãs, usou intencionalmente várias passagens e figuras da Bíblia na composição de suas fábulas.

A história acontece durante o ano de 1900, na Inglaterra, onde duas crianças, Digory Kirke e Polly Plummer, vizinhos em uma fileira de casas conjugadas, descobrem que o sótão de suas casas é interligado por uma passagem secreta. Explorando essa passagem, conseguem entrar no até então inacessível quarto do tio de Digory, o tio André, um sujeito esquisito e misterioso. Tio André flagra a invasão e covardemente exige como retratação que ambos o auxiliem sendo cobaias em seus experimentos com os anéis mágicos, capazes de transportar qualquer pessoa que toque neles para outra dimensão.

Em sua primeira experiência, Digory e Polly vão parar em um reino totalmente destruído chamado Charn, onde despertam a malvada rainha Jadis. As crianças acabam complicando as coisas um pouco mais quando trazem acidentalmente Jadis no regresso à Inglaterra. Para evitar uma catástrofe maior, conseguem partir para em uma nova viagem entre as dimensões levando consigo, entre outros, Jadis e o tio André. E é aqui que a aventura realmente começa, pois todos acabam assistindo a criação de Nárnia pelo leão Aslam.

Essa aventura é importante para a compreensão de outras particularidades da série, como o surgimento dos animais falantes em Nárnia, do Guarda-Roupa, do poste de luz no Ermo do Lampião e da Feiticeira Branca, presentes em O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa. Digory tem uma breve participação em O Leão, e ele e Polly reaparecem no encerramento da série, em A Última Batalha. O leitor, mesmo aquele que siga a ordem cronológica, ficará com a impressão de que O Sobrinho do Mago foi escrito como um complemento para O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa, o que é a mais pura verdade.

A intenção de Lewis em passar subliminarmente os conceitos da criação bíblica para as crianças nessa história é bastante clara. Na Bíblia, Jesus Cristo é profeticamente chamado de O Leão da tribo de Judá, e é descrito como o agente criador de nosso planeta e tudo o que há nele. Outra referência bíblica sutil é a introdução de uma maçã no enredo, e que se torna necessária para o prosseguimento da série. O uso intercalado de personagens mitológicos (não-bíblicos) como faunos, centauros, ninfas, anões, gigantes e cavalos alados, é um estímulo à imaginação e dá um tempero adicional na trama.

Como a história foi escrita em 1955, traz algumas críticas implícitas à Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e à destruição causada pela bomba atômica, como por exemplo, quando descreve como Jadis destruiu todo o seu reino usando para isso somente um pequeno instrumento, a palavra execrável.

As Crônicas de Nárnia vêm sendo utilizadas por muitas denominações religiosas como reforço no ensino de conceitos bíblicos para as crianças. Mas não é uma tarefa fácil, pois não são muitas as crianças hoje em nosso país com interesse em um livro de mais de 500 páginas somente pelo puro prazer de ler. É certo que incentivados com o sucesso da série Harry Potter, talvez essa deficiência diminua um pouco com o tempo. Mas até que isso ocorra, não deixa de ser uma boa leitura também para os adultos, pois mostra como uma fábula infantil pode ser bem escrita e utilizada em nossos dias. Além de reforçar a sua fé, claro, se você for cristão.

Comentários

  1. Você diz que "Na Bíblia, Jesus Cristo é profeticamente chamado de O Leão da tripo de Judá", mas Lewis afirma não ter intenção de relacionar este Leão da tripo de Judá com Aslan, o Grande Leão. Segundo ele foi pura coincidência.

    ResponderExcluir
  2. NÃO EXISTE COINCIDÊNCIA, amigo. Pelo menos não ESTE tipo de coincidência! O que aconteceu na verdade foi uma inspiração divina na mente de Lewis, como o Espírito Santo costuma fazer em quem se dedica a Ele, com uma vida toda consagrada à caridade e à fé, como foi o caso de Jack. Aslam é o próprio Cristo, e você verá isso no final do livro "O Navio da Alvorada", que o filme "Viagem do Peregrino da Alvorada" também mostrou, quando o grande Leão diz: "Na terra me conhecerão por outro nome". É isso (JV).

    ResponderExcluir
  3. Não, foi coincidência sim. Não vou discutir.

    ResponderExcluir
  4. sensei2t, por favor informe a sua fonte aonde lewis afirma isto.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Isso aqui não é uma democracia. Portanto, escreva o que você quiser, mas eu publico somente os comentários que EU quiser.

Postagens mais visitadas deste blog

Expressões lá do Goiás (II): Cara lerda

Oração da Serenidade, de Reinhold Niebuhr

Coleção Grandes Escritores da Atualidade, da Planeta DeAgostini