A Alma Imoral, de Nilton Bonder
Sempre fomos livres nas profundezas
de nosso coração, totalmente livres,
homens e mulheres.
Fomos escravos no mundo externo,
mas homens e mulheres livres em nossa alma e espírito.
Maharal de Praga (1525-1609)
Todos os grandes avanços no campo do pensamento do homem sobre si mesmo serão sempre dessa ordem: falar distintamente sobre o já sabido. (10)
Transgredir é transcender, e nossa história não teria mártires no campo político, científico, religioso, cultural e artístico caso fosse possível transcender sem colocar em risco a sobrevivência da espécie. (18)
Afirma-se no Tratado de Menachot (p. 99a) em nome do Rabi Shimon ben Lakish: "A preservação da lei é, em várias ocasiões, obtida através do rompimento da lei e da ab-rogação da mesma." (24)
A opinião pública, os dogmas, as convenções, a moralidade e as tradições podem muitas vezes querer representar uma "unanimidade" que os desqualifica como determinadores do que é justo, saudável ou construtivo. (25)
Surpreender-se é, na realidade, a maior prova de poder de um ser humano. Surpreender os outros é fazer uso de nossos truques já dominados; surpreender a si mesmo é ser um mago diante daquele que nos julgávamos ser. (46)
O rabi Ioshua, filho de rabi Hanbina, disse:
"Certa vez uma criança arrebatou o melhor de mim. Eu viajava e me encontrava diante de uma encruzilhada. Vi então um menino e lhe perguntei qual seria o caminho para a cidade. Ele respondeu: 'Este é o caminho curto e longo e este o longo e curto.' Tomei o curto e longo e logo deparei com obstáculos intransponíveis de jardins e pomares. Ao retornar, reclamei: 'Meu filho, você não me disse que era o caminho curto?' O menino então respondeu: 'Porém, lhe disse que era longo!'" (56)
Aquele que não faz uso de todo o potencial de sua vida, de alguma maneira diminui o potencial de todos os demais. (82)
Quando, em pleno século XX, um judeu criou o personagem de história em quadrinho Super-Homem, desejava fazer uma leitura simbólica de seu mundo, muito marcado pela metáfora judaica. Apesar da destruição do mundo dos judeus - Europa/Kripton -, sobrevive no novo mundo aquele que será o redentor da semente, "O outro", o filho que não é filho, cai no seio de uma típica família americana, mas mesmo assim resgatará a sementes. Esse marginal redentor de sua espécie é, na aparência, o frágil Clark Kent; em seu íntimo, porém, habita o supra-humano - o mutante. O sobrevivente é o mutante que se fez diferente e mais poderoso, pois para sobreviver teve de necessariamente salvar seu corpo, mas sobretudo, foi obrigado a rever "corretos" e "bons". Em Kripton, o super-homem é um comum. Ao sobreviver, atravessando de uma margem a outra, de um planeta a outro, descobre que tem diversos poderes. (97)
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