A Jornada Humana em Três Atos
Não existe leitor de A Divina Comédia, de Dante Alighieri, que não se maravilhe com a abrangência e profundidade da obra. É um prato finíssimo, que deve ser degustado tanto por católicos, evangélicos quanto por ateus. Isso porque os cem cantos ultrapassam as definições religiosa, poética, épica, mitológica, histórica e filosófica quando adentram no aspecto humano. É o que a torna uma obra-prima universal. Os famosos três livros que a compõem – Inferno, Purgatório e Paraíso – representam mais que os mundos além da morte: são as fases vividas pelos humanos enquanto aqui na Terra. Alguns passarão as três fases, outros estacionarão em uma delas e dali não sairão. E não, as fases não estão vinculada à idade biológica, mas à vivência e atitude de cada um.
O Inferno mostra como a Lei de Talião, ou o Carma, retorna em consequências – mediatas ou imediatas – os erros e maldades intencionais. Independente do status, da fama, do poder, um dia há que se colher o bem ou mal plantados. É a lei da natureza, a lei do universo. Existem tormentos que se pode sofrer em vida que tornarão a existência um suplício, um verdadeiro inferno. Já o Purgatório traz a esperança de que todos possuem uma segunda chance. Nunca é tarde demais para mudar, para fazer a coisa certa, para ser uma pessoa melhor. Mesmo que mudar de rumo exija tempo e esforço extras, também trará benefícios a curto, médio e longo prazos. Por fim, no Paraíso estão os que têm consciências e sentimentos em paz. Mesmo que enfrentem situações adversas, injustas ou catastróficas, estas não vão diminuir o prazer de viver. Lembrarão o que dizia o antigo sábio: “Vós sois deuses, mas se esqueceram disso”.
Mas se engana quem pensa ser a leitura de A Divina Comédia fácil. Afinal, nada que vale realmente a pena é fácil. Mas é recompensadora. É um livro a ser relido diversas vezes na vida. Diz a lenda que a parte em que o leitor parar na leitura é aonde está predestinado a ir após a morte. Soa mais como um incentivo a se terminar de ler a obra toda, mas eu estenderia a lenda. Talvez o livro demonstre o momento, a fase da vida, em que alguém se encontra e que racionalmente não percebe. Por isso, o leitor corajoso a “abandonar todas as esperanças ao atravessar essa porta” deve ficar atento, sensível, afim de captar a mensagem que a obra trará diretamente para ele.
Esta resenha é fruto da parceria com o Empório Gourmet e sua nova seção "Livros que Merecem Bons Vinhos".
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O Inferno mostra como a Lei de Talião, ou o Carma, retorna em consequências – mediatas ou imediatas – os erros e maldades intencionais. Independente do status, da fama, do poder, um dia há que se colher o bem ou mal plantados. É a lei da natureza, a lei do universo. Existem tormentos que se pode sofrer em vida que tornarão a existência um suplício, um verdadeiro inferno. Já o Purgatório traz a esperança de que todos possuem uma segunda chance. Nunca é tarde demais para mudar, para fazer a coisa certa, para ser uma pessoa melhor. Mesmo que mudar de rumo exija tempo e esforço extras, também trará benefícios a curto, médio e longo prazos. Por fim, no Paraíso estão os que têm consciências e sentimentos em paz. Mesmo que enfrentem situações adversas, injustas ou catastróficas, estas não vão diminuir o prazer de viver. Lembrarão o que dizia o antigo sábio: “Vós sois deuses, mas se esqueceram disso”.
Mas se engana quem pensa ser a leitura de A Divina Comédia fácil. Afinal, nada que vale realmente a pena é fácil. Mas é recompensadora. É um livro a ser relido diversas vezes na vida. Diz a lenda que a parte em que o leitor parar na leitura é aonde está predestinado a ir após a morte. Soa mais como um incentivo a se terminar de ler a obra toda, mas eu estenderia a lenda. Talvez o livro demonstre o momento, a fase da vida, em que alguém se encontra e que racionalmente não percebe. Por isso, o leitor corajoso a “abandonar todas as esperanças ao atravessar essa porta” deve ficar atento, sensível, afim de captar a mensagem que a obra trará diretamente para ele.
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