Música para Velório nº. 5

O rapaz levantou e andou até o meio da sala. Olhavam de soslaio para ele quando parou fronte ao esquife. As palavras, embora quase inaudíveis, saíram amplificadas pelo silêncio.

Em teu seio, ó liberdade, desafia o nosso peito a própria morte!

Os demais o olharam simplesmente. Não havia um único suspiro nem o som de lágrimas. Angustiosos segundos passavam. Quando uma anciã sentada em um canto desafiou.

Deitado eternamente em berço esplêndido, ao som do mar e à luz do céu profundo...

Outros se aproximaram. Desanimados, tentaram formar um coro.

Nossos bosques têm mais vida, nossa vida no teu seio mais amores.

Vozes femininas se fizeram ouvir da entrada.

Mas, se ergues da justiça a clava forte, verás que um filho teu não foge à luta, nem teme, quem te adora, a própria morte.

O padre emendou.

O lábaro que ostentas estrelado, e diga o verde-louro dessa flâmula - paz no futuro e glória no passado.

Ao que o rapaz finalizou.

Gigante pela própria natureza, eras belo, forte, impávido colosso, e o teu futuro espelhava essa grandeza.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Expressões lá do Goiás (II): Cara lerda

Oração da Serenidade, de Reinhold Niebuhr

Coleção Grandes Escritores da Atualidade, da Planeta DeAgostini