Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll

Alice é realmente um livro estranho, inicialmente. O leitor sente-se perdido na história, como se estivesse sendo conduzido por um escritor enlouquecido ou como se fosse transportado para um mundo sem a mínima pretensão de ser racional. Mas, em uma análise mais profunda, e levando-se em conta que é um livro infantil, pode-se dizer que Lewis Carroll tentou mostrar o mundo adulto pela visão de uma criança. Muitas coisas não fazem sentido, seja uma cerimônia de chá, um jogo de croqué, as atitudes daqueles que mandam, um julgamento etc. E, quando a criança, querendo satisfazer sua curiosidade inata, faz uma pergunta sincera, recebe complexas explicações que a deixam mais perdida ainda. Neste ponto de vista, o livro é uma pérola infantil, que deve influenciar muito mais crianças que adultos, pois já perderam a capacidade de sentir sem racionalizar. Quem senão uma criança conseguiria imaginar um País de Maravilhas com coelhos preocupados com a hora, cartas de baralho fiéis a uma rainha que só ordena execuções, um chapeleiro, um arganaz e uma lebre em uma interminável cerimônia de chá ou um gato de Cheshire que desaparece e reaparece em partes? As aparentes loucuras trazem à tona ensinamentos simples, mas importantes aos jovens.
Alice continuou: “Poderia me dizer, por favor, que caminho devo tomar para sair daqui?”

“Isso depende bastante de onde você quer chegar”, disse o Gato.

“O lugar não me importa muito...”, disse Alice.

“Então não importa que caminho você vai tomar”, disse o Gato.

“...desde que eu chegue a algum lugar”, acrescentou Alice em forma de explicação.

“Oh, você vai certamente chegar a algum lugar”, disse o Gato, “se caminhar bastante.” (pg.84)

leitura: Março de 2009
obra: Alice no País das Maravilhas (Alice's Adventures in Wonderland) de Lewis Carroll
tradução: Rosaura Enchemberg
edição: 1ª, L&PM - Coleção L&PM Pocket, vol. 143 (1999), 178 pgs
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Regular

O desenho animado da Disney (1951), foi adaptado da obra de Carroll para parecer um pouco mais entendível, e pode ser visto no Youtube, dublado, em 8 partes.

Parte 1 - Parte 2 - Parte 3 - Parte 4 - Parte 5 - Parte 6 - Parte 7 - Parte 8

Em 2000, a EA lançou o jogo de computador American McGee's Alice, onde uma Alice adulta e dark retorna ao País das Maravilhas, agora bem mais perigoso. Delicie-se com o trailer do jogo abaixo.

Comentários

  1. Artigo interessante. tenho bastante curiosidade de ler Alice. Do Carrol só Phantasmagoria, mas é bem interessante. Deve rolar um filme inclusive, dirigido pelo M.Manson.

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  2. Teve uma época em que eu era completamente viciado nesse jogo da Alice. Ainda fico fascinado em ver a personagem com aquela faca, e o gato "do mal" que auxilia durante as fases.

    Ai que saudade da aura da minha vida... :P

    Ainda não li o livro inteiro, só umas partes, mas gostei do que li.

    Abraços!

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  3. Rodrigo, eu agora estou atrás da versão comentada da Jorge Zahar, q ouvi falar mto bem e dizem q revela mtas dos enigmas q Carroll usou na escrita. Como a versão q li é a de bolso, mta coisa passou batido.

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  4. André, esse eu nunca joguei, mas me parece legal, vou ver se acho ele em algum site por ae.

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  5. Apenas acrescentando algo ao seu texto, todo livro infantil é a visão adulta do mundo da criança. Alice, na sua mais pura intenção (que foi a intenção do autor) foi uma obra escrita unicamente pra entreter a musa inspiradora do autor (Alice Liddel), que era uma criança que ele muito amava. Tudo se sucedeu num passeio a barco pelo rio Tâmisa, e no momento em que a história foi contada, Charles Dodgson (Lewis Carroll) nem tinha a intenção de publicá-la como livro, uma vez que o seu maior interesse em publicações eram relacionados nas suas descobertas matemáticas. Foi apenas após os insistentes pedidos de Alice Liddel que Carroll escreveu a história que ele contou para a menina e suas outras duas irmãs, com algumas alterações. Ele terminou os escritos e presenteou a garota. O livro ficava exposto, à mostra de todos os visitantes da casa da menina, o que resultou em muitas outras pessoas terem lido. Muitos se surpreenderam e começaram a pressionar Carroll a publicar aquela história. Após muito pensar no caso, ele reescreveu o livro, aumentou a história e o publicou. O sucesso foi imediato entre as crianças. Para mais, leia a biografia de Lewis Carroll escrita por Morton Cohen. Abraço!

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  6. Muito interessante a sua opinião sobre esse livro que exerce um imenso fascínio sobre mim. Quando criança adorei a adaptação da Disney e agora depois de adulta comprei o livro e da mesma forma quando criança me deleitei com essa estória. Foi sob um olhar pueril que ao ler esse livro aos 21 anos pude compreender como crescer pode ser chato...rssss.

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  7. Oi, muito interessante o texto. Citei o seu post ao falar do novo filme sobre alice no país das maravilhas no meu blog.

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