Sidarta, de Hermann Hesse
Hermann Hesse pode ser considerado um dos poucos escritores a andar na contramão da maioria daqueles em sua época e país: era um ferrenho crítico do militarismo e do espírito de retaliação alemães do início do século XX. Tanto é que teve de exilar-se na Suíça por causa de suas opiniões.
Os seus livros incluem filosofias tão diversas quanto as de Nietzsche e de Buda. Por isso foi alçado a símbolo (beatinik e depois hippie) na luta pela paz sempre que havia algum grande conflito armado, como a Primeira Grande Guerra e a Guerra do Vietnã. Ganhou em 1946 o prêmio Nobel de Literatura por sua postura e literatura pacifistas.
O livro Sidarta, publicado em 1922 depois de uma viagem que o autor fez à Índia e se converteu ao budismo, manifesta a busca interior que todos nós fazemos ou deveríamos fazer. O personagem principal, Sidarta (não o Buda, Sidarta Gautama), é alguém que procura encontrar o real sentido de sua existência e para isso vive fases bastantes distintas em sua vida: primeiro nasce e vive como brâmane na casa de seu pai, depois renuncia os bens materiais para uma vida asceta de samana, e em uma nova renúncia busca os prazeres da carne e das riquezas e por fim, observa como fórmulas de escape a morte ou o amor incondicional a outrem. Apesar de não encontrar as respostas que procura em nenhum desses lugares, consegue perceber sua evolução após cada experiência rumo a sabedoria.
A maioria das "tentações" enfrentadas por Sidarta são encontradas em nosso cotidiano. Uma pessoa que renuncia aos bens materiais sem experimentar antes os prazeres que estes oferecem tende a remoer se realmente fez a escolha mais acertada. Alguém abastado materialmente geralmente se afasta da meditação e reflexão sobre as questões importantes da vida e dá mais valor aos prazeres e riquezas resultando em um sentimento de monotonia e vazio interior. Outros devotam a vida à pessoa amada renunciando até a uma vida própria e colhem na maioria das vezes angústia porque o outro nunca estará a altura daquilo idealizado para ele. Ou ainda, alguns chegam a um momento de desespero onde nada parece ter sentido e recorrem ao suicídio como a solução final para aliviarem os seus sofrimentos. Sidarta não só experimenta todos estes altos e baixos como aprende uma importante lição de cada um deles.
Há ainda algumas considerações importantes levantadas no livro: Quem aprendeu algo novo buscando a sabedoria dentro de si próprio? Ou obteve respostas importantes somente observando (e ouvindo) um rio? Quantos precisam de mestres e de doutrinas para aprender a viver, mas esquecem que estes mesmos mestres e doutrinas não precisaram disto? E os que criticam a atitude rebelde dos filhos sem dar-se conta que estão tomando a mesma atitude que seus pais tomaram quando eram jovens? Todas essas são perguntas difíceis de responder sem alguma reflexão.
As obras de Hesse foram referência para grandes escritores, como Franz Kafka e chegaram até a influenciar a banda de rock britânico Yes, que lançou o álbum Close to the Edge em 1972, inspirado no livro Sidarta.
leitura: Fevereiro 2007
título: Sidarta (Siddhartha)
obra: Editora Globo - Coleção Biblioteca Folha, 124 pgs
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edit 07/03/2007: Com esta resenha ganhei o 3º livro no Projeto Leia Livro. Escolhi o Contos de encantos, seduções e outros quebrantos (Bertrand Brasil), de Rogério Andrade Barbosa.
Os seus livros incluem filosofias tão diversas quanto as de Nietzsche e de Buda. Por isso foi alçado a símbolo (beatinik e depois hippie) na luta pela paz sempre que havia algum grande conflito armado, como a Primeira Grande Guerra e a Guerra do Vietnã. Ganhou em 1946 o prêmio Nobel de Literatura por sua postura e literatura pacifistas.
O livro Sidarta, publicado em 1922 depois de uma viagem que o autor fez à Índia e se converteu ao budismo, manifesta a busca interior que todos nós fazemos ou deveríamos fazer. O personagem principal, Sidarta (não o Buda, Sidarta Gautama), é alguém que procura encontrar o real sentido de sua existência e para isso vive fases bastantes distintas em sua vida: primeiro nasce e vive como brâmane na casa de seu pai, depois renuncia os bens materiais para uma vida asceta de samana, e em uma nova renúncia busca os prazeres da carne e das riquezas e por fim, observa como fórmulas de escape a morte ou o amor incondicional a outrem. Apesar de não encontrar as respostas que procura em nenhum desses lugares, consegue perceber sua evolução após cada experiência rumo a sabedoria.
A maioria das "tentações" enfrentadas por Sidarta são encontradas em nosso cotidiano. Uma pessoa que renuncia aos bens materiais sem experimentar antes os prazeres que estes oferecem tende a remoer se realmente fez a escolha mais acertada. Alguém abastado materialmente geralmente se afasta da meditação e reflexão sobre as questões importantes da vida e dá mais valor aos prazeres e riquezas resultando em um sentimento de monotonia e vazio interior. Outros devotam a vida à pessoa amada renunciando até a uma vida própria e colhem na maioria das vezes angústia porque o outro nunca estará a altura daquilo idealizado para ele. Ou ainda, alguns chegam a um momento de desespero onde nada parece ter sentido e recorrem ao suicídio como a solução final para aliviarem os seus sofrimentos. Sidarta não só experimenta todos estes altos e baixos como aprende uma importante lição de cada um deles.
Há ainda algumas considerações importantes levantadas no livro: Quem aprendeu algo novo buscando a sabedoria dentro de si próprio? Ou obteve respostas importantes somente observando (e ouvindo) um rio? Quantos precisam de mestres e de doutrinas para aprender a viver, mas esquecem que estes mesmos mestres e doutrinas não precisaram disto? E os que criticam a atitude rebelde dos filhos sem dar-se conta que estão tomando a mesma atitude que seus pais tomaram quando eram jovens? Todas essas são perguntas difíceis de responder sem alguma reflexão.
As obras de Hesse foram referência para grandes escritores, como Franz Kafka e chegaram até a influenciar a banda de rock britânico Yes, que lançou o álbum Close to the Edge em 1972, inspirado no livro Sidarta.
leitura: Fevereiro 2007
título: Sidarta (Siddhartha)
obra: Editora Globo - Coleção Biblioteca Folha, 124 pgs
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edit 07/03/2007: Com esta resenha ganhei o 3º livro no Projeto Leia Livro. Escolhi o Contos de encantos, seduções e outros quebrantos (Bertrand Brasil), de Rogério Andrade Barbosa.
Gostei muito desse resumo, pois faz uma análise correta da bela obra Sidarta, que por muito tempo foi um dos meus livros de cabeceira. Nos anos 70 ou 80 foi objeto de um filme também belíssimo, que gostaria muito de encontrar. Caso alguém saiba desse filme, por favor, me informe.
ResponderExcluirgostaria de baixar o filme Sidarta, onde consigo. Obrigado
ResponderExcluirEu tenho o filme, de 1972, muito bom imgem - interessdos: expirdosblogshop@bol.com.br
ResponderExcluirLi e fiquei como Govinda, impressionada com a sabedoria de Sidarta.
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