O lobo e a flor
Havia um lobo solitário que viajava pelo mundo. Percorria desertos, cidades, campos e mares. Procurava um motivo para a sua existência, algo que justificasse a sua rudeza de lobo. Uma noite, ao pernoitar em um descampado, acordou com uma imensa luz que brilhava na colina. Correu para lá e deparou-se com a mais bela flor que jamais vira. Ela irradiava luz por todos os lados e podia ser vista de muito longe. O lobo soube naquele instante que estava apaixonado pela flor e que ela a partir de então seria a razão de sua existência. Passou a dormir todas as noites ao seu lado, admirando aquela beleza divinal. Vieram tempestades e ele a protegeu com o seu corpo. Vieram pássaros e insetos e ele os espantou. Considerava-a uma preciosidade única e seria o seu eterno guardião. Até o dia em que a encontrou chorando.
“O que a afliges,ó minha linda flor? Farei qualquer coisa ao meu alcance para alegrar aquela que, com a sua infinita beleza, tocou o coração deste lobo.”
“Você, lobo, é a razão da minha aflição. Com todos os seus cuidados excessivos, sufoca o meu crescimento. Como poderei evoluir se em momento algum enfrentar as adversidades da vida? Se realmente gostares de mim, por favor, me abandones antes que me mates.”
O lobo olhou-a consternado. Depois sorriu.
“Farei como dizes, minha bela. Eu pensava somente em meu prazer ao teu lado e não percebi que lhe causava sofrimento. Mas para que tu e todos se lembrem do tamanho do meu amor por ti, lhe darei um último presente. Irei engrandecer-te eternamente.”
Então o lobo arrancou a flor luminosa do chão e com o seu potente fôlego a soprou para bem alto no céu. Lá ela ficou, plantada em um canteiro de estrelas, iluminando a todos os que a olhavam. Vez por outra, ainda escutamos o lobo uivando para a sua musa, lembrando que sempre a protegerá e adorará.
Moral da história:
Todo humano um dia será lobo.
Todo humano um dia será flor.
Escrito por Jefferson Luiz Maleski,
no outono de 2012,
para uma flor.
Comentários
Postar um comentário
Isso aqui não é uma democracia. Portanto, escreva o que você quiser, mas eu publico somente os comentários que EU quiser.