A caixa de veludo
Procurava palavras que insistiam em manter distância. Na folha em branco, somente o nome dela. Parou o olhar na pequena caixa de veludo preto que estava segurando uma das pontas do papel. Então a caixa devolveu-lhe o olhar e as palavras resolveram se aproximar, carregando toda a emoção que aquele pequeno objeto lhe proporcionava. Não a caixa, mas o seu conteúdo. Não o conteúdo, mas o que ele significava. Mudança de vida. De duas vidas. Ele começando a pensar em e por dois. Uma experiência nova mas extremamente excitante. Ter alguém. Ser de alguém. Partilhar. Apoiar e ser apoiado. Entregar-se. Amar. Finalmente, amar. Enfim, entender o motivo dos poetas sofrerem, da beleza da lua e do coração doer mesmo saudável. Mas ainda era preciso dizer isso a ela. Há certos sentimentos quando não revelados que corroem a alma. Olhou mais uma vez para o papel, e foi o coração na ponta do lápis que escreveu. “Ana Eu te amo. Você é a pessoa mais incrível que eu já conheci. Admito que v...