Escrever é perigoso
Eu escrevo a minha própria vida. E não tenho receio de reescrevê-la sempre que o enredo começa a me entediar. Às vezes, cai bem variar e viver um romance, um drama, uma comédia, um suspense policial. Observo, ao longe, a rebentação fazer a festa de alguns turistas na água enquanto à minha frente o restante de uma caipirinha esquenta. Uma leve brisa marítima bagunça os meus cabelos e as folhas dos classificados. Ajeito as páginas de O Globo e releio o pequeno anúncio centralizado na página. Não sei que tipo de louco seria pior: o que publica um anúncio oferecendo-se como matador de aluguel ou o que se interessa por ele. Bem, na verdade eu sei exatamente o tipo de louco que faz isso, alguém exatamente como eu. Aqui, sentado à beira da piscina, em plena Avenida Atlântica, no mais conhecido hotel do Rio de Janeiro, aguardo o meu contato aparecer. Depois de duas semanas de troca de e-mails, combinar o valor razoável para as duas partes e marcar o encontro em um local público para a ent...