Nova
(parte 1 de 4) No começo, existia apenas o silêncio. Calado. Sozinho. Esperando. E quando o som criador trouxe o suspiro, o sussurro, o murmuro, o zumbido, o chiado, o guincho, o estampido, o barulho, o ruído, a fala, o canto, a música, o berro, o grito, o estrondo, o alarido, a algazarra, a explosão e, por fim, a surdez, nada mais permaneceu como era. Exceto o silêncio. Ele continuou calado. Sozinho. Esperando. Levou apenas cinco segundos. Um. A porta do quarto abriu-se e os brutamontes carregaram o homem desacordado para dentro. Dois. O depositaram sem muita cerimônia sobre a cama e desataram as mãos. Três. Saíram e trancaram a porta. Quatro. O homem abriu os olhos e sentou-se. Cinco. Olhou para mim e sorriu. Havia algo naquele sorriso que me incomodava. Era o tipo de sorriso dado quando sabem de algo que você desconhece e não fazem questão de que isto mude. Ou um sorriso de alguém extremamente feliz, como se tivesse alcançado um prêmio. Tentei disfarçar retornando ao livro que...