Amigo Imaginário
Aos oito anos de idade eu tinha um amigo imaginário. Sempre considerei o Fred como o meu lado mais peralta, o culpado pela maioria das encrencas em que me meti. Mas não me arrependo: foi por causa do Fred que eu pude ter uma infância diferente da programada pelos meus pais, fugindo das aulas de piano, esgrima, natação, tênis, equitação etc. Foram os meus pais e os psicólogos contratados pelos meus pais quem me disseram que o meu amigo imaginário seria a compensação por uma perda que eu tive naquela época. O engraçado é que só quando atingi os dezessete anos é que me lembrei do que havia perdido que precisava ser compensado. O meu avô era um aventureiro por profissão. Curador do museu da capital, tinha orgulho em manter uma coleção particular em casa, geralmente de artesanatos de tribos exóticas de diversas partes do mundo, porém de pouco valor para merecerem um espaço no museu. Sempre que viajava para adquirir uma peça para o museu voltava com outras duas ou três para si. Como seu ún...