A Garota que Odiava Vinícius
“É ela uma menina Como um jovem pássaro, uma súbita e lenta dançarina Que para mim caminha em pontas, os braços suplicantes Do meu amor em solidão.” Vinícius de Moraes, poeta, dramaturgo e músico brasileiro de renome internacional. E um enorme filho da puta. Era o que a garota pensava enquanto caminhava até a escola naquela manhã fria. Sim, ele era o maior idiota de todos os tempos. Imbecil. Cabeça-dura. Babaca. Como ele podia ser tão mau? Como ele podia ter se casado nove vezes com outras piriguetes e nem sequer trocado um flerte com ela? Era imperdoável que o primeiro homem a conquistar o seu coraçãozinho inocente, a fazê-la sonhar acordada com o sexo oposto, a seduzi-la a fazer qualquer coisa que ele desejasse, tivesse falecido dezessete anos antes dela nascer. Ninguém deveria se apaixonar, era um inferno, uma droga, concluíra. Ainda mais por alguém romântico, boêmio, talentoso, famoso e morto. “Eis que os arautos Da descrença começam a encapuçar-se em negros man...