Gabriela
Você é o pai, ela disse. E foi nessa frase em que me perdi e acabei não ouvindo mais nada. Não ouvi ela discorrer sobre exames pré-natais, enxovais e fraldas. Nem sobre contarmos juntos ao pai dela, ou sobre morarmos juntos ou sobre pararmos de ir em festas nos finais de semana. Não prestei atenção em muitas coisas que ela me falou naquele dia, mas isso não fez muita diferença, pois ela fez questão de relembrar tudo por todos os dias nos oito meses de gravidez que ainda estavam por vir. Naquele momento eu só pensava em uma coisa: eu vou ser pai. Eu vou ter um filho, ou uma filha. Vou poder passear no parquinho, brincar no tapete da sala, dormir abraçado com alguém com cheirinho de talco e óleo infantil. Eu vou ser pai. Eu vou ser pai. Pai. Eu. Não que eu tivesse esperando aquilo, pois provavelmente sem esta reviravolta a viagem de um mês mochilando pela Europa estaria no meu cronograma. Ter um filho, ou uma filha, é muito mais emocionante. Já fazia algum tempo depois do término da fa...