Calipso e Ulisses, de Simone Athayde

É, faz tempo que eu não lia um goiano. Menos ainda, um de Anápolis. Nunca, uma anapolina. Mas conspirou aquela curiosidade em descobrir o que os conterrâneos andam escrevendo de bom, ou ruim, junto a existência mórbida de amigos que vivem a empurrar livros e autores internacionalmente desconhecidos só porque compartilhamos o gosto pelas palavras, e o resultado é que acabei lendo Calipso e Ulisses, da romancista estreante Simone Athayde. E só porque é estreante (e porque todos um dia serão), e graduanda em Letras (porque eu um dia serei), não vou pegar pesado. Afinal, poderia falar de-mo-ra-da-men-te das falhas do livro, dos clichês (que tanto gosto), dos erros grotescos de impressão e não tão grotescos de gramática (culpa da Kelps pela falta de um revisor com nível médio), da confusão entre narradores nos trechos em que (propositalmente?) parece que caímos sem pára-quedas (olha o clichê, ó) em outro livro. Mas não, não, não não não não!, prefiro ver o livro como um primeiro passo para, talvez, algo grandioso. Tá, o livro não é uma Brastemp (clichê nº 2) e com certeza não leva o Portugal Telecom, pelo qual concorre este ano, provavelmente, com outros livros piores, mas também com melhores, mas pôxa! é o primeiro trabalho dela, e diria que até ficou muito parecido com um Julia ou Sabrina que você já tenha lido, naquela velha receita de romance água-com-açúcar (nº 3) sendo a dosagem de açúcar bastante homeopática, tirando qualquer cena de satisfação erótica entre os mocinhos e transparecendo um sentimento católico muito forte. Se a autora não for católica, é mérito pra ela, terá feito ficção de primeira. Mas se for, prefiro não comentar. Quem sabe no futuro, já com alguns livros escritos em sua bibliografia, este será o que Simone menos vai falar, e mesmo assim, talvez terá sido o mais importante da sua carreira.

leitura: Abril de 2009
obra: Calipso e Ulisses de Simone Athayde
edição: 1ª, Kelps (2008), 148 pgs
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